A pandemia virou o mundo do avesso. Mudou a forma como as pessoas vivem, o que comem e como consomem. De que forma a indústria da panificação, pastelaria e chocolate se terá de adaptar para responder às necessidades do consumidor? Em preparação para o nosso evento virtual Global Taste Tomorrow, que decorrerá nos dias 28 e 29 de setembro de 2021, partilhamos alguns insights sobre as três principais tendências alimentares e os novos hábitos de consumo que dão origem ao ‘novo normal’. Cada vez mais, os consumidores procuram soluções alimentares que vão além da nutrição, uma conclusão revelada pelo Taste Tomorrow. Os alimentos são usados para todos os fins: para refletir a identidade, para melhorar a saúde e o bem-estar e como uma atividade divertida e criativa.
Essas três tendências alimentares fornecem informações sobre o comportamento do consumidor no mundo pós-Covid:
A tendência dos alimentos saudáveis surgiu muito antes de alguém ter ouvido falar da Covid-19, mas a pandemia causou algumas mudanças interessantes nas expectativas dos consumidores sobre a saúde. Um estudo realizado pela Puratos com uma amostra de mais de 7.500 consumidores em 15 países mostra que 60% dos consumidores agora recorrem aos alimentos para fortalecerem a sua saúde. Os problemas de saúde específicos que desejam melhorar são o sistema imunológico e a saúde mental. Os consumidores também foram questionados sobre o que consideram um alimento saudável. As opiniões divergem amplamente sobre este assunto: dois terços dos consumidores a nível global pensam que alimentos saudáveis, são alimentos que se referem à eliminação de ingredientes, enquanto um terço acredita que se trata de adicionar ingredientes.
Reforçar o sistema imunológico
A pandemia da Covid aumentou a consciencialização sobre a importância de uma boa saúde e os consumidores esperam que certos alimentos possam ajudá-los a evitar adoecer. No estudo de tendências do Taste Tomorrow, que explora as redes sociais e o comportamento de procura por parte dos consumidores, mostra que as pesquisas online por alimentos que aumentam o sistema imunológico dispararam entre abril e maio de 2020 e continuam a ser significativamente maiores do que antes de Covid.
As pessoas esperam que um sistema imunológico forte possa protegê-las de ameaças à saúde e, portanto, procuram estimuladores imunológicos: soluções naturais à base de alimentos para otimizar a defesa do seu corpo contra vírus e infeções. On-line, alimentos como gengibre, frutas cítricas, açafrão e iogurte são considerados estimulantes do sistema imunológico. Infelizmente, não existe essa cura milagrosa - a melhor opção é manter o sistema imunológico com um estilo de vida saudável.
Melhorar a saúde intestinal
Onde a comida pode ter um grande impacto é no intestino. Há uma consciência crescente relativamente ao que de facto colocamos no nosso intestino poderá impactar a nossa saúde física, uma noção que já está bem estabelecida na indústria dos laticínios. Com 42% dos consumidores em todo o mundo a afirmarem que já adotam uma abordagem de longo prazo para a manutenção da saúde (estar consciente de dietas amigáveis para o intestino está se a tornar-se cada vez mais interessante para outras indústrias alimentares). O setor da panificação pode, por exemplo, focar nos pré-bióticos contidos no pão e na massa mãe ricos em fibras.
Sinta boa comida
A incerteza criada pela pandemia está a afetar o estado de espírito dos consumidores. 73% dos consumidores afirmam que a depressão e a saúde mental têm um impacto moderado a grave na sua vida quotidiana. Os influenciadores digitais abriram caminho para a indulgência permissível, fazendo com que os consumidores se sentissem à vontade para consumirem guloseimas e alimentos reconfortantes como parte de uma dieta equilibrada. Os doces à base de plantas até se tornaram o segundo tópico de pastelaria mais comentado e publicado nos canais digitais. Os consumidores optaram por doces como por exemplo chocolate à base de plantas, bolos veganos com frutas ou biscoitos com baixo teor de açúcar feitos com aveia.
Em 2020, muitas foram as pessoas que repensaram o seu estilo de vida e concluíram que queriam uma vida e uma dieta mais equilibradas. Para um grande número de consumidores que desejam comer sem culpa, produtos de origem animal será o caminho a deixar de seguir, optando por uma dieta baseada em vegetais. O aparecimento de uma alimentação vegana, orgânica e vegetariana faz parte de uma tendência maior, na qual os alimentos que escolhemos estão de acordo com os nossos valores pessoais. Os consumidores procuram cada vez mais adotarem comportamentos éticos e responsáveis, por isso estão atentos ao bem-estar animal, ao comércio justo e às escolhas sustentáveis relativamente à embalagem e abastecimento. O Taste Tomorrow mostra que 50% dos consumidores afirmam experimentar e comprar produtos alimentares sustentáveis e 45% dos consumidores acreditam que os alimentos vegetais têm um impacto positivo no ambiente.
Mente sã, corpo são
A escolha de uma dieta baseada em vegetais vai de encontro ao desejo dos consumidores de contribuírem para um mundo melhor e para redução da pegada ambiental. Mas essa tendência não se trata apenas de cultivar uma consciência saudável: os consumidores que adotam uma alimentação à base de plantas também pretendem alcançar um corpo saudável. Na América do Norte, cerca de um terço dos consumidores acredita que os alimentos vegetais têm um impacto positivo no meio ambiente e na sua saúde pessoal. É por isso que essa dieta está a ganhar cada vez mais força: permite que o consumidor sinta que está a fazer algo de bom por si e pelo planeta.
Alimentação à base de plantas permite-nos atingir o ponto ideal
A alimentação à base de vegetais atinge o ponto ideal entre querer ser saudável e responsável. Tanto o veganismo como as receitas à base de plantas estão no topo da lista dos assuntos mais discutidos nas redes sociais em 2020, mostrando que a alimentação à base de plantas está na moda. Os consumidores procuram cada vez mais alimentos substitutos à base de plantas em supermercados e outros pontos de venda. Em padarias e pastelarias, os consumidores pretendem encontrar indulgências sem culpa na forma de doces e chocolates à base de plantas. Estes produtos não contêm manteiga, creme ou ovos. Em vez disso, substitutos como óleo, alternativas lácteas e frutas ou linhaça são usados para obter a textura certa.
Nas plataformas de social media, parecia que todos começaram a cozinhar durante o primeiro confinamento de 2020. Fotos e vídeos de pão com massa mãe, biscoitos de chocolate e barras nutritivas apareciam na cronologia de todos nós. Os consumidores encontraram uma saída criativa neste novo hobby e trocaram dicas, truques e receitas nas suas redes sociais. Embora a tendência de homebaking tenha disparado em termos de popularidade durante a pandemia, ainda é uma tendência com um crescimento forte, o que cria uma oportunidade para as padarias incrementarem as suas vendas nesse momento.
A alegria de cozinhar
A pandemia da Covid-19 levou-nos a diversos confinamentos o que fez com que muitos de nós começássemos a trabalhar a partir de casa e a olharmos para a cozinha como um lugar para passar momentos divertidos. A pastelaria feita em casa revelou-se uma atividade acessível e que trouxe alegria, não só no processo executivo como no resultado final. Quando questionados sobre a motivação para a panificação feita em casa, os consumidores afirmaram que desta forma conseguem ter controlo sobre os ingredientes e sobre as condições de higiene, tempo de qualidade para a família ou simplesmente o amor pela panificação.
Pão com massa mãe?
Em particular, o pão com massa mãe ganhou enorme popularidade. Esta tipologia de pão tornou-se um projeto de longo prazo no qual os padeiros lá de casa poderiam embarcar, com novas técnicas para aprender e espaço suficiente para a criatividade. O exagero em torno do pão de massa mãe aumentou a consciência e a compreensão do processo que provavelmente afetará a procura por massa mãe também no mercado externo - especialmente considerando que a massa mãe também responde à tendência de saúde intestinal.
Mixes para pão e panificação
55% a 82% dos consumidores experimentaram fazer bolos durante o confinamento e a maioria diz que continuará a cozinhar após a Covid. Embora a maioria dos consumidores prefira começar o processo do zero, os mixes também são muito populares, especialmente nos Estados Unidos, China, Malásia e Alemanha. Mais de metade dos consumidores em Espanha, França, Itália, Alemanha, Polônia e Malásia esperam encontrar mixes para pães e bolos em lojas artesanais e em padarias.
Interessado em saber mais sobre estes novos hábitos de consumo? Marque na sua agenda o próximo Global Taste Tomorrow Event que decorrerá nos próximos dias 28 e 29 de setembro de 2021 (evento digital). Neste evento ficará a conhecer as últimas tendências de consumo de panificação, pastelaria e chocolate por todo o mundo.